Em um sistema progressivo que flutua entre velocidade e verticalização nesse tabuleiro fica claro que Slot precisa ter Carinho
Aldrei Peralta – Analista Sênior no Campo Analítico
BLOCO BAIXO
Ainda existem falhas na transição direta e na inversão de jogadas, o que cria um ambiente claro de exploração para os adversários. O Liverpool falha — e falha muito — nesse aspecto defensivo. Caso não haja a intenção de trocar as peças do sistema defensivo, Slot terá de ajustar o posicionamento e, sobretudo, ensinar os jogadores a realizarem o retorno defensivo com mais eficiência.
BLOCO MÉDIO
O melhor meio-campo da Premier League continua sendo o do Liverpool. A equipe conta com jogadores criativos e ofensivos, mas quase nenhum perfil mais obstrutor, o que facilita a quebra do contra-ataque adversário e acaba prejudicando a linha defensiva. Trata-se de um problema claro no primeiro combate, especialmente na ausência de um bote fixo no bloco médio.
No aspecto criativo, Mac Allister, Szoboszlai e Wirtz são jogadores de nível extra-classe e fundamentais para sustentar esse argumento. Trata-se de um time que guarda muitas semelhanças com o Real Madrid da temporada 2013/2014.
BLOCO ALTO
Com fundamentos claros de pressão, a equipe do Liverpool pressionou e forçou o erro do Brighton, condensando o bloco alto em uma presença constante na área adversária durante os primeiros 15 minutos. Essa dinâmica pode ser observada em um mapa de calor, que evidencia a intensidade do jogo em cada bloco do campo. Uma saída de bola equivocada do Brighton gerou o primeiro gol do Liverpool, marcado por Ekitiké, em uma finalização clara, objetiva e que resultou em um belo gol.



As principais distribuições de ações do Liverpool podem ser localizadas em cada terço do campo. Partindo dessa lógica, o campo é dividido em três períodos, e, a cada ação, é possível identificar a porcentagem correspondente de participação de cada jogador, organizada em janelas de 15 minutos como uma escala definida de análise.


A estrutura foi alterada após a saída de J. Gomes, lesionado, com a recomposição feita por Szoboszlai no corredor direito. A entrada de Salah, aos 26 minutos, modificou os níveis de pressão da equipe. O problema da ausência de uma marcação mais efetiva foi trabalhado de duas maneiras: a primeira, com maior profundidade; a segunda, com a utilização de dois meias defensivos.

Jones e Gravenberch mudaram o jogo ao oferecerem mais efetividade e capacidade de recomposição, deixando mais livres o alemão e o húngaro. Essa noção básica, que Slot já deveria ter em mãos, passa pela aquisição de Isak e pela capacidade de encaixar todos os jogadores em um mesmo sistema. Caso isso não esteja bem definido, a convivência em campo tende a gerar um grande nível de estresse, especialmente se todos não compreenderem claramente quais são suas obrigações, conforme as métricas mencionadas anteriormente.

Wirtz e Ekitiké são dois atletas que se complementam. O fato de o francês retornar para realizar o primeiro combate no fim do bloco médio permite que o alemão aprofunde pelo setor esquerdo. Por isso, a ofensividade concentrada nesse lado, com 46%, representa um número ideal para a criação. Já os 24,3% de ações pelo centro resultaram no gol anteriormente citado, fruto direto da pressão exercida por Florian Wirtz.

Observa-se que, na proficiência da saída de bola, os 20 principais passes conectados terminaram majoritariamente em meias de criação, especialmente nas posições de RW e RCM. Essas duas recepções são fundamentais para a distribuição do jogo, sobretudo na progressão para o ataque. Ainda assim, o Liverpool apresenta uma queda na assertividade dos passes na reta final da partida.

Arne Slot não conseguiu ajustar adequadamente as coberturas defensivas, e isso se deve a diversos fatores. Um volante de perfil mais físico e posicional, como Caicedo ou Casemiro, seria uma peça fundamental para coexistir nesse sistema. No entanto, a essa altura da temporada, torna-se inviável buscar esse tipo de reforço. Assim, o caminho mais viável é desenvolver os jogadores que já estão no elenco para que sejam mais efetivos na construção e proteção da linha defensiva.

O fato de a partida ter terminado em 2 a 0 não significa que a equipe de Fabian Hürzeler não tenha sido agressiva. Pelo contrário, foi agressiva, mas se mostrou incompetente na finalização, sobretudo em chances claras. Quem mais distribuiu jogadas e passes foi Lewis Dunk, que se manteve como principal organizador na saída de bola, conectando seus companheiros ao longo da partida.
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